A Segunda edição da festa da Harmonia Imperial fez a temperatura de domingo subir na quadra do Império.

Por Conceição Gomes

Em 2009 com a reedição do enredo ‘A Lenda das Sereias e os Mistérios do Mar’ de 1976, nosso querido Império Serrano saiu da lista das escolas do grupo especial, porém, como diz o samba ‘levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima’, e uma escola com a tradição e com vários campeonatos na bagagem como a comunidade da Serrinha não poderia ficar tanto tempo longe do seu lugar oficial. Neste ano de 2017, o G.R.E.S. Império Serrano levou o campeonato na série A, com o enredo ‘Meu Quintal é Maior do Que o Mundo’ e volta majestoso ao desfile de 2018 no grupo especial. E o enredo? “O Império do Samba na Rota da China!”. E como diz a letra do samba: “… NOSSA COROA A BRILHAR / A CHINA VEM FESTEJAR / E ANUNCIAR O “NOVO ANO” / DEIXA O POVO CANTAR / MATAR A SAUDADE DO IMPÉRIO SERRANO”.

12 de novembro de 2017, uma hora da tarde de um domingo ensolarado, e a quadra do Império fervia, aconteceu a segunda edição da festa da Harmonia Imperial. Presença de várias coirmãs que abrilhantaram o evento, uma prova de que a disputa é na passarela, fora dela, são todas irmãs, só o samba é vencedor. Esse respeito e ‘harmonia’ chamaram minha atenção para um ritual que muitos dos presentes talvez nem percebessem. O rito de respeito ao pavilhão de uma escola é de uma beleza emocionante, nos faz ver e rever a história de nossa cultura: O integrante da harmonia da casa receptora conduz a bandeira da escola visitante em riste, mas fechada, pela nave central da escola (como um corredor polonês) seguido pelo casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira da respectiva escola, e todos os presentes contemplam respeitosamente sem dançar, até que a mesma seja colocada em púlpito no palco. Após, a coirmã é apresentada e o casal baila reverenciando a escola anfitriã.

Ato simples, mas de um conteúdo cultural enorme. O nosso produtor, Paulo César, estava me explicando que o giro da porta-bandeira com a mesma tem um significado histórico maior do que um mero bailado, o giro da bandeira tem também um significado espiritual de muita relevância, é a emanação de axé, de boas energias para todos presentes. Segundo os antigos (não entrarei em detalhes e nem citarei como verdade absoluta, porque não há registros acadêmicos OFICIAIS sobre o assunto), mas… Os antigos dizem que cada agremiação tem o seu orixá protetor, e esse giro da bandeira carrega o axé desse orixá para todos que presenciam o ato. Bonito, não? Nós do Prêmio Machine torcemos e desejamos que as novas gerações não permita que este e todos os outros ritos que contribuem para vitalidade da nossa memória cultural, jamais sejam esquecidos.

Parabéns Harmonia Imperial, pela festa linda, pela calorosa recepção, e pela continuação e respeito à tradição cultural secular! Nos vemos na China, quer dizer, na Sapucaí.