Em meio a tantos momentos difíceis, em algumas datas especiais, a magia acontece. O menino operário vira rei, o motorista vira um deus mitológico e mulheres sofridas vestem suas melhores fantasias de heroína, papel que já desenvolvem durante todos os dias. A festa inclusiva abre espaço para diversidade, a magia expõe alegrias, cantando músicas que levam a uma nova era, novo tempo ou a passados jamais esquecidos.

E foi através deste que é o maior espetáculo da terra que conheci países sobre minhas rodas que até então só mesmo se conhece sambando, sorrindo, cadeirando. Acredito eu, que poucos são os momentos mágicos nas nossas vidas e, ouvir o meu nome como primeira Porta Bandeira entoando por toda Marquês de Sapucaí, foi um desses momentos. Significou a vitória da inclusão, do respeito, das desigualdades e também uma mensagem de esperança de dias mais fáceis e alegres para pessoas com vidas tão sacrificadas, ou com deficiências que, no seu cotidiano, enfrentam muitas dificuldades.

Apesar dos tantos aplausos, nunca senti que toda essa aclamação era para mim, pois sei que represento uma causa, um segmento, uma luta de pessoas que, apesar das dificuldades, não tiram o sorriso da cara em meio a maquiagens, glitter, purpurina…

Por mais dias de folia, por mais dia de igualdade, em que a alegria possa reinar com sorrisos brilhantes, almas fantasiadas de otimismo e samba no pé! Seja samba sobre rodas, seja samba sobre onde for, continua sendo samba!

O carnaval é esta festa mitológica que encanta, transforma e modifica vidas através da arte, inclusão e cultura popular. Por mais festas, por mais risos, por mais movimentos inclusivos e com respeito a todas as formas de diversidades.

Lú Rufino

Lú Rufino é presidente do Miss Brasil Cadeirante e Miss Brasil diversidade PCD 2021. Além disso, é produtora de eventos, psicopedagoga, bacharel em direito e mestranda em direito público internacional.