Sou cascuda. Muito tempo dentro do Carnaval. Comecei em ala e, com o decorrer do tempo, desempenhei várias funções dentro de várias Escolas de Samba tanto na Cidade do Rio de Janeiro como também em outras praças.

Apaixonada pela Intendente Magalhães e lá estive presente desde os tempos da antiga AESCRJ. Só que essa paixão anda meio desgastada. Os novos rumos do Carnaval colaboraram para isso.

No “Carnaval do Povão da Intendente” está acontecendo uma coisa é muito preocupante… Estou me referindo ao surgimento de inúmeras Agremiações no “GRUPO DE AVALIAÇÃO”.

Na última contagem, constatei 33 Agremiações inscritas no Grupo de Avaliação. Isso mesmo. São 33 novas Escolas de Samba divididas entre Superliga e Livres. E, quem sabe, até 2022 outras não se apresentem para desfilarem no Grupo de Avaliação.

Até bem pouco tempo o sábado posterior ao carnaval era destinado ao “Desfile das Campeãs da Intendente”. As Escolas que iam para a avaliação desfilavam na terça-feira de Carnaval antes do desfile do Grupo E. E, pasmem… Eram duas ou três no máximo.

Todos que estão envolvidos com Carnaval sabem das dificuldades para se colocar um carnaval na rua. São muitas despesas onde são parcas as receitas. Muitas dessas Agremiações não possuem nem condições para desfilar como “bloco de bairro”, que dirá como Escola de Samba. Então, o que justifica essa avalanche de novas Agremiações? As perguntas são inúmeras.

Vejo Escolas de Samba de Municípios distantes. A maioria não estão alocadas em barracões próximos da Estrada Intendente Magalhães e, é sabida a dificuldade na logística de deslocamento até o local de desfile e, também de sua “Comunidade”. O Barracão da Carlos Xavier não comporta adequadamente nem as que já estão lá. Então, como se explica esse turbilhão de novas Agremiações?

Um outro fato que nos chama a atenção é a quantidade de “diretores” que estão em mais de uma Escola de Samba no Grupo de Avaliação. O ditado é certo. Não se serve a dois (ou mais) senhores ao mesmo tempo. Ainda mais, em novas Agremiações lutando por uma vaga como Escola de Samba de fato e de direito. No meu entendimento, isso não cabe.

O erro do Carnaval da Intendente já se concretiza com a divisão entre duas entidades responsáveis por um único espetáculo. Já temos uma disputa judicial em relação a subida de uma terceira Escola para a Sapucaí. Então, como ficarão as avaliadas aptas para virarem Escola de Samba? Assunto complexo…

Então aí vai a pergunta que não quer calar…

Não seria o Grupo de Avaliação uma forma de mercantilismo do samba?

É surreal surgirem tantas postulantes a Escolas de Samba como nos últimos dois anos.

Se alguém tiver a resposta, estou aqui para tentar entender.

Regina Passaes (Curriculum Carnaval)                                                                                                                      Bacharel em Administração de Empresa | Professora de História | Gestora em Carnaval