Lenda Viva do Carnaval – Manoel do Santos Dionísio, nasceu em Além Paraíba, Minas gerais, em 2 de agosto de 1936 e foi trazido junto a seu irmão para o Rio de Janeiro aos 8 anos pela mãe, Angélica Maria da Conceição, talentosa cantadora de calango. Foi engraxate quando morava na Praia do Pinto, onde hoje é a Selva de Pedra, no Leblon e aos 12 anos começou a fazer aulas de teatro na comunidade. Morou depois na comunidade do Pavão, onde passou sua adolescência e quando se casou foi morar no Morro do Pavãozinho, no Cantagalo em Copacabana e lá criou sua família. Se envolvendo na Associação de Moradores, participando dos projetos culturais e conjuntamente com outras figuras da comunidade, cria o Bloco “Império do Pavão” – a ainda existente “Alegria da Zona Sul”, onde foi também diretor.

Chegou a treinar para ser goleiro do F.C São Cristóvão, mas a paixão pela dança determinou seu destino. Iniciou seu caminho pela arte aos 18 anos quando conheceu Mercedes Baptista, a primeira bailarina negra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e sua grande mestra, que após fazer teste para ter aulas com ela na Gafieira Estudantina Musical, se tornou intérprete de seu grupo, o Balé Folclórico de Mercedes Baptista, fazendo turnê dentro e fora do Brasil. Dionísio também teve aulas com Edmundo Carijó e Raul Soares (1° bailarino negro do Teatro Municipal) para aperfeiçoar sua técnica clássica. E na dança afro ainda fez aulas com Valter Ribeiro.

Desfilou com o Balé de Mercedes Baptista, na G.R.E.S Acadêmicos do Salgueiro, em 1959 e participou de muitos carnavais na escola: “Fomos campeões em 1963 com o enredo sobre Chica da Silva. Dançamos o minueto em plena Av. Presidente Vargas. Foi inesquecível! Nós, discípulos de Mercedes Baptista, somos dançarinos afro-brasileiros com base clássica. E chegamos assim no Salgueiro, onde tive a felicidade de fazer alguns amigos e manter o carinho pela escola”, orgulha-se.

Em 1965 foi premiado o melhor diretor social da Federação de Blocos Carnavalescos do Estado do Rio de Janeiro pelo Jornal Diário de Notícias. E entre 1968 e 1982 morou na Alemanha, apresentando espetáculos com ritmos afros, com o Balé Folclórico Mercedes Baptista. Lá também fez parte do grupo “Os Diabólicos do Samba”, um quarteto, formado por Dionísio e mais três mulheres, fazendo o mesmo tipo de show, em seus últimos 8 anos de moradia no país. Iniciou seu aprendizado em instrumentos de percussão em 1975, no encontro com a Cia. Brazilianas de Haroldo Costa, ainda na Alemanha.

De volta ao Brasil, em 1984, retomou seu trabalho dentro do carnaval carioca e de 1987 a 1991 foi assistente técnico da RioTur, cuja função era supervisionar a decoração para os desfiles, dos blocos e agremiações: “Organizávamos o carnaval da Av. Rio Branco à Paquetá e mais os banhos de mar à fantasia”, lembra Dionísio. Lembra também que foi durante o seu trabalho com os blocos que ele percebeu a necessidade de formação de novos casais que defendessem os pavilhões das agremiações.

Manoel Dionísio é respeitosamente chamado de Mestre e não à toa, é citado junto com tantos outros nomes, como “Depositário reconhecido da tradição do Samba no Rio de Janeiro”, pela sua atuação singular e única no Brasil – fundador da 1ª Escola de Mestre-sala, Porta-bandeira e Porta-estandarte do Rio de janeiro, em 1990 – de onde saíram, e continuam saindo os grandes casais que hoje defendem os pavilhões (bandeiras) das escolas de samba e também dos blocos do carnaval de não só do Rio de Janeiro, mas de todo Brasil.

Em 1994, ganhou uma medalha de ouro por mérito artístico na dança do Conselho Internacional de França. E em 95 ganhou o prêmio Estandarte de Ouro (prêmio do Jornal O Globo – dado aos melhores do carnaval), como personalidade masculina. Em 2002, atuou fazendo o papel principal de Paulo da Portela: O Seu Nome Não Caiu no Esquecimento, documentário de Demerval Neto. É citado em diversos textos e livros publicados sobre carnaval, como por exemplo, A dança nobre do carnaval, de Renata de Sá Gonçalves, de 2010 e Delegado e Dionísio: vidas em passos de arte de Sérgio Gramático Júnior, de 2011.

Em 2010, saiu da coordenação geral da Escola de Mestre sala e Porta bandeira e aos 74 anos, em sua “melhor idade” como diz o próprio, entrou para a Companhia Arquitetura do Movimento, participando como professor e intérprete-criador no espetáculo Arquitetura do Samba: A dança do Mestre Sala e Porta Bandeira, com direção de Andrea Jabor.

Mestre Dionísio é um dos maiores conhecedores e incentivadores da dança do Samba e do Mestre sala e Porta Bandeira do Brasil.

Fonte: wikidanca.net